Polícia Federal indicia Jorge Zelada e mais cinco pessoas na Lava Jato
Ex-diretor da Área Internacional da Petrobras foi indiciado por três crimes. Defesa refuta acusações e diz que irá responder às imputações da PF.
Jorge Luiz Zelada foi indiciado por três crimes pela
Polícia Federal (Foto: Reprodução/RPC)
Polícia Federal (Foto: Reprodução/RPC)
A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada, preso na 15ª fase da Operação Lava Jato pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de capitais e evasão de divisas. O relatório foi enviado à Justiça e ao Ministério Público Federal (MPF) – que agora avalia se oferece denúncia contra Zelada e mais cinco pessoas.
Além dele, outras duas pessoas foram indiciadas pelos mesmos crimes – Raul Schmidt Felippe Júnior, e João Augusto Rezende Henriques. Já Hamylton Pinheiro Padilha, Paul Alfred Bragg e Hsin Chi Su foram indiciados por corrupção ativa. O inquérito policial que foi concluído na sexta-feira (31).
Zelada foi o sucessor de Nestor Cerveró, também preso pela Operação Lava Jato, naPetrobras. Ele comandou a diretoria Internacional entre 2008 e 2012 e é suspeito de ter sido beneficiado do esquema de fraude, corrupção, desvio e lavagem de dinheiro descoberto na estatal petrolífera. Conforme as investigações, ele recebeu propina a partir de contratos de exploração e produção e de navio sonda.
O indiciamento ocorreu mesmo sem o depoimento de Zelada. O ex-diretor deveria ter prestado depoimento na sexta à Polícia Federal, porém, por orientação do advogado Renato Moraes, ficou em silêncio. Ele está preso preventivamente na Superintendência da PF em Curitiba.
“A defesa refuta as acusações. A partir do momento em que todas as provas entrarem no inquérito, ele vai responder no tempo oportuno a todas as imputações lançadas. Ele sempre esteve à disposição para esclarecer os fatos, e só não prestou depoimento por orientação da defesa. Não há como orientar o cliente, seria temerário, sem que a defesa tenha acesso à integralidade das provas”. afirmou o advogado.
As suspeitas
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal afirmam que Zelada realizou repasses milionários para China e Mônaco, sem o conhecimento das autoridades brasileiras - foram transferidos € 11 milhões para Mônaco e outro US$ 1 milhão para a China. Alguns dos repasses já com a Lava Jato em curso. Ainda em março de 2015 foram bloqueados € 10 milhões em Mônaco.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal afirmam que Zelada realizou repasses milionários para China e Mônaco, sem o conhecimento das autoridades brasileiras - foram transferidos € 11 milhões para Mônaco e outro US$ 1 milhão para a China. Alguns dos repasses já com a Lava Jato em curso. Ainda em março de 2015 foram bloqueados € 10 milhões em Mônaco.
O juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações penais da Lava Jato, disse em despacho publicado na quarta-feira (22) que até a data a Zelada e a defesa dele não haviam dado explicação sobre as contas secretas no exterior, a origem do dinheiro bloqueado ou uma justificativa para as transferências.
Após o início da Operação Lava Jato, Zelada efetuou transferências para contas bancárias no exterior. Entre julho e agosto do ano passado, foram € 7 milhões provenientes de contas em Mônaco, aponta o Ministério Público Federal.
De acordo com as investigações, um saldo milionário em contas no exterior, auditorias internas na estatal e depoimentos de outros suspeitos que firmaram acordo de delação premiada são provas do envolvimento de Zelada no esquema criminoso. Por enquanto, não é sabido o valor exato que Zelada pode ter recebido a partir da corrupção na Petrobras.
Para os investigadores, os valores descobertos no exterior não são incompatíveis com os rendimentos de Zelada, que quando diretor recebia cerca de R$ 100 mil.
Investigado após delações
Zelada entrou no lista dos investigados pela Operação Lava Jato após ser citado em depoimentos de delações premiadas firmadas por outros suspeitos.
Zelada entrou no lista dos investigados pela Operação Lava Jato após ser citado em depoimentos de delações premiadas firmadas por outros suspeitos.
Em depoimento à Justiça Federal, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro, disse que Zelada era um dos beneficiários do esquema de corrupção.
O ex-gerente de Serviço da Petrobras Pedro Barusco afirmou que Zelada foi beneficiado à época em que era gerente geral de obras da Diretoria de Engenharia e Serviços. Todavia, Barusco não soube informar se Zelada continuou a receber vantagens indevidas no cargo de diretor da área Internacional.
De acordo com Barusco, Zelada era beneficiado assim como ele e o ex-diretor de Serviços Renato Duque, que está preso no Complexo Médico-Penal, na Região Metropolitana de Curitiba.
Barusco disse ainda que Zelada negociava diretamente com as empresas em contratos menores na área de exploração e produção. O delator também informou que repassou diretamente a Zelada R$ 120 mil. O pagamento foi efetuado, conforme o delator, em três visitas à casa do ex-diretor.
Segundo o MPF, existe ainda a suspeita de que Zelada tenha recebido propina proveniente de contratos de navio sonda.
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